Irrespirável: insensibilidade humana nos contos de “Quem tá vivo levanta a mão”

O livro desta semana é a segunda coletânea de contos da escritora paulista Maria Fernanda Elias Maglio. Vencedora do gênero na edição de 2018 do tradicional Prêmio Jabuti, em sua nova obra a autora conta histórias que convocam o leitor a uma experiência de intensa alteridade.
Para o professor de literatura Rogério Duarte, nos contos de “Quem tá vivo levanta a mão”, Maglio, que atua como defensora pública do estado de São Paulo, ilumina detalhes brutais da realidade brasileira, para os quais a maioria das pessoas prefere não olhar. Produzir literatura em uma sociedade tão violenta, segundo Duarte, é crucial para encontrar um senso de comunidade humana, que supere a atual indiferença com os outros: “Numa sociedade feita de fantasmagorias, como a nossa, de ideais de beleza, de mercantilização das pessoas e das ideias; num mundo em que a suposta realização do consumo obscurece a necessidade urgente de colocar as pessoas em primeiro lugar, esses contos são urgentes. É preciso abrir os olhos e perceber que as obsessões modernas nos roubaram a atenção que deveríamos dar a quem mais precisa. Não estamos de mãos dadas e precisamos dar as mãos agora”.